Atos

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segunda-feira, 9 de maio de 2011

Nota de pesar em preto e branco

Semana passada vivenciei algo que causou a mim uma certa perplexidade. Durante a semana inteira vi ecoar os reflexos da morte de um sujeito. Não falo de algo nem de longe desconhecido, falo mesmo da morte de Bin Laden. E o que isso acarretou no emocional dos grupos sociais foi o que me surpreendeu, pois dessa vez não vi militares e ativistas extremistas a comemorar ou repudiar a ação militar que ensejou no assassinato, mas civis também. Civis em todo globo dando palmas de alegria a uma operação assassina e a celebrar a morte como o elixir divino. Não trato a questão por um julgamento do caráter do sujeito, não mesmo! Mas observar que sujeitos que nunca se ativeram a questões da política extremista árabe, ou qualquer envolvimento tiveram em conhecer o que essa prática antiterrorista representa, glorificando a morte de um desconhecido... Isso para mim é mais do que sinistro, é doentio. Dá mostra de mais um traço decadente de nossa sociedade. Pois só o que se nota com isso é o quão facilmente as pessoas, hoje, tomam partido das coisas, mesmo que para isso devam elas se abster de certos valores.

Espero que se possa notar, aqui, que não defendo o sujeito de modo algum pelo que fez ou deixou de fazer. Mas não coaduno com a política do olho por olho, bala por bala. O assassinato é, em todo caso, injustificável. Não se busca paz com morte e violência, muito menos com uma comemoração funesta da morte. Urge revermos nossos valores, e aplaudirmos as coisas certas. A pena que aplicamos, hoje, não educa, mas brutaliza mais a sociedade, pois a natureza histórica dessa pena que atualmente temos como solução em nossos sistemas jurídicos é, como mais cedo Nietzsche observou, a de vingança. E já é hora de notarmos que a vingança é cega e bruta! Nos conduz senão a mais violência.

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