Atos

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sexta-feira, 3 de abril de 2009

Adeus

Eu nunca fui sábio
Eu nunca fui santo
Nunca me predispus a tanto
Os adjetivos me faltaram ainda muito cedo
Para me caracterizar do ser que eu não sou
Sempre andei despido
Com barbas acomodadas
Cabelos embrenhados
Óculos embaçados
Andava com um livro no braço
Outro braço na nuca, para desencabular a realidade
Meu único pecado, porém, foi ser louco
Acreditar na comunicabilidade das palavras
Escrevê-las em filas, no rabiscar do lápis no papel.
E escrever-me, escrever-me, escrever-me...

Ao fim, doeu-me ser enjeitado pelos anjos dos homens,
Pelas palavras torpes, pelo silêncio selvagem,
Por me ver obrigado a dar a meu único anjo meu último adeus.