No relógio da sala os ponteiros percussionam os sons das meninices e acrobacias dos pássaros, que por sobre as asas meninos travessos cantam e se deliciam perscrutando os horizontes; correm as asas no céu, e na terra correm os gatos pela vizinhança. A vida apenas é, e por si, eis que me toma pela criança que disse, uma vez, a um pássaro que o céu era infinito, pois que não fosse se perder por aí; e ele me disse, muito obrigado e que no firmamento me esperava.
Na varanda toca ainda Nat King Cole, e é assim que os sons do amor me agarram, as doces vozes, as memórias e as mãos de alguma mulher me tocam os sonhos. Perco-me no balançar da rede, que o vento insiste em abraçar, e na tarde que escurece o sono me busca, e eu durmo como uma criança a brincar de poetar.
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Imagem: foto de Dimitri Castrique
2 comentários:
Que coisa linda Fábio, é como uma criança sim, um rapaz criança, o "nature boy" do Nat King, um encantador e sábio rapaz, que anda por ai adoçando as palavras.
Que coisa linda!!!
Não tenho nem palavras...
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