Atos

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sexta-feira, 22 de junho de 2012

Pessoa e a sua narrativa poética


Eu nunca imaginei que eu usaria esses modos para me expressar, mas devo dizer... a prosa de Fernando Pessoa é porrada, é uma pancada no meio do estômago. Ando me espreitando pela prosa de Pessoa nos últimos meses, inicialmente pelo mistério de Bernardo Soares, semi-heterônimo em seu “Livro do Desassossego”, e agora com o “Teatro d’êxtase”, que reúne algumas de suas peças, e a quem não conhece, recomendo que não deixe de passar os olhos por essas obras. Há duas caraterísticas marcantes em sua prosa e que me chamam a atenção, a primeira é a fuga para a metafísica muito presente em seus discursos e a segunda são os arroubos de lirismo. A sua prosa não deixa de ser muito poética. Para quem busca uma leitura intimista é um prato cheio.

Quero em outro momento falar do “Livro do Desassossego”, mas deixo abaixo apenas um trecho do “Diálogo no jardim do palácio”, um dos textos que compõem o “Teatro do Êxtase”:

“(...) A. Às vezes, quando penso muito adentro, sabe-me a que corpo e alma são uma cousa só. . . Parece-me então que realmente vemos as cousas de dois lados, que a alma das cousas é aquilo que nos parece que não vemos delas. . . Não, não é isto que eu te quero dizer. . . Vê, não sei pensar o meu pensamento!
B. Sim, compreendo o que não disseste. Mas o corpo não existe, talvez: é a alma vista pela [ ] de si-própria.
A. Não. Não é assim. Não é assim. Mas eu não sei como é.
B. Vamos jogar, se quiseres, um jogo novo. Joguemos a que somos um só. Talvez Deus nos ache graça e nos perdoe ter-nos criado. . . Senta-te aqui, defronte de mim e chegada a mim. Encosta os teus joelhos aos meus joelhos e toma as minhas mãos nas tuas. . . Assim. . . Agora fecha os olhos. Fecha-os bem e pensa. . . e pensa. . . Em que deverás pensar? Não, não penses em nada. Trata de não pensar em nada, de não querer sentir, de não saber que ouves ou que podes ver, ou que podes sentir as mãos, se quiseres pensar que elas existem. . .Assim, amor. . . Não movas nem o corpo nem a alma. (...)”

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Mon souvenir

Je t'ai pris entre mes doigts. Tu as été mon souvenir.

A nada se equivale a sensação de ser, de sentir as alegrias mínimas, as dores mínimas, de ser absolutamente humano.